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Estudantes quilombolas de Campo Formoso revelam potencial criativo em suas escrevivĂȘncias

Foto: Divulgação

Em Laje dos Negros, comunidade quilombola localizada em Campo Formoso, interior da Bahia, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), promovida pelo Governo do Estado, estĂĄ provocando uma revolução na vida de um grupo de mulheres. Inspiradas nas escrevivĂȘncias da escritora Conceição Evaristo, as estudantes do ColĂ©gio Estadual de Campo LuĂ­s JosĂ© dos Santos ressignificam suas vidas ao produzir contos sobre suas experiĂȘncias, tendo como pano de fundo questĂ”es como gĂȘnero, raça e sexualidade.

Tudo começou em maio deste ano, pelas mĂŁos da professora de PortuguĂȘs e Literatura, Mayara Costa de Campos, que trouxe para as rodas de conversas feitas em sala de aula os contos da mineira Conceição Evaristo. O grupo Ă© formado por 39 alunas, que deixaram de frequentar a escola devido os compromissos do casamento ou da maternidade. Agora, elas retomam os estudos, resgatando suas identidades e se reconhecendo como mulheres cidadĂŁs. Inspiradas nas histĂłrias de escritoras negras, cada aluna tem a oportunidade de escrever suas prĂłprias experiĂȘncias, no caderno diĂĄrio batizado de “Minhas escrevivĂȘncias”.

“Sempre vislumbrei um potencial narrativo em minhas alunas da EJA, suas histĂłrias complexas, dolorosas, afetuosas e inspiradoras, intercruzadas pela interseccionalidades de gĂȘnero, raça e sexualidade. ColocĂĄ-las em um cenĂĄrio inimaginĂĄvel e provocĂĄ-las ao reconhecimento de suas intelectualidades, por meio de suas prĂłprias narrativas, reflete uma docĂȘncia comprometida com mediaçÔes pedagĂłgicas, polĂ­ticas e estĂ©ticas”, revela a professora. Ela destaca, ainda, que a Literatura Afro-brasileira desvela memĂłrias coletivas e singulares de pessoas negras como fonte de inspiração, levando tambĂ©m Ă  ressignificação de modos de vida.

Os textos produzidos pelas estudantes chamaram a atenção do pĂșblico presente na Etapa Macroterritorial do Encontro Estudantil, realizada no Ășltimo mĂȘs de agosto, em Feira de Santana, onde surgiu a ideia da criação de um livro com seus relatos, intitulado “Outras histĂłrias quilombolas”. Enquanto aguardam a concretização do projeto, elas relatam como se sentem. Para Selma Nascimento de Souza, as rodas de conversa sĂŁo mais do que uma fonte de inspiração. “JĂĄ passei por muitos obstĂĄculos na vida, mas a vinda para a escola me trouxe uma nova perspectiva sobre saber viver. Acredito que estou iniciando uma nova jornada. Pela primeira vez, alĂ©m de ter reconhecimento por algo que faço, sinto que alguĂ©m me ouve e me enxerga”.

A vida pessoal e estudantil de Ednalva Bispo Silva deu um salto qualitativo e tambĂ©m ganhou novas perspectivas. “AlĂ©m de voltar a estudar, o projeto tem aberto a minha mente e provocado a vontade de ir mais alĂ©m”. Sua colega Daniela de Jesus Santos conta que a roda de conversa Ă© um divisor de ĂĄguas em sua vida familiar. “A literatura produzida por mulheres negras me fez enxergar a importĂąncia da leitura e de compartilhar essa experiĂȘncia com meus quatro filhos. Hoje, me sento com eles para lermos juntos”, revela.

Sobre a EJA – A Educação de Jovens e Adultos Ă© uma modalidade de ensino voltada para estudantes que trabalham e para aqueles que nĂŁo tiveram acesso Ă  escolarização em perĂ­odo convencional. A EJA estĂĄ presente nos 27 TerritĂłrios de Identidade, com ofertas de ensino em escolas indĂ­genas, quilombolas e do campo; nas prisĂ”es; e em ĂĄreas urbanas e rurais, contemplando as diversas formas de conceber as realidades locais e prĂĄticas de trabalho.

Fonte: Ascom/SEC

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